A COR NA MODA - Parte II - O Preto

Olá pessoal, tudo bem com vocês?

No segundo post da nossa série sobre cores na moda, falaremos hoje sobre o Preto.




A cor preta é a ausência da luz e corresponde a buscar as sombras e a escuridão. É a cor da vida interior sombria e depressiva. Estão associadas a ela morte, destruição, entretanto em outras situações sofisticação e requinte.
  • Associação material: sujeira, sombra, funeral, noite, fim, obscuro
  • Associação afetiva: mal, miséria, pessimismo, sordidez, tristeza, dor, melancolia, opressão, intriga, renúncia
Do latim niger (escuro, preto, negro, preto), nós utilizamos o vocábulo preto (que gera discussões inclusive!)
Considerado como clássico, quando combinado  com certas cores pode criar teor alegre, tem conotação de nobreza, seriedade e elegância.
Na corte espanhola, a cor preta se tornou popular para os dois séculos ali pelo século XVI, tanto para homens quanto para mulheres, isso porque era a cor que escondia melhor a sujeira, visto que os europeus não eram muito adeptos aos banhos. Usavam golas, lenços, chapéus brancos que davam o ar de ostentação. Em pouco tempo a moda se espalhou pela Europa e logo o preto já era popular na Holanda, Itália e Inglaterra. Mas como a moda é, foi e sempre será efêmera, "(...) quando todo mundo adota uma moda, ela logo deixa de ser exclusiva e excitante e se torna, primeiro, convencionalmente elegante, depois, meramente respeitável e, por fim, enfadonha. Esse foi o destino do preto espanhol." disse Alison Lurie em seu livro A linguagem das Roupas.




O preto como Luto:
O preto representa o "nada", a "ausência" e a "escuridão". No século XVI Anne da Bretanha deu origem ao costume de usar preto no luto, que dava um mar de tragédia e mistério. Outro exemplo foi a Rainha Vitória da Inglaterra que após a morte do marido, tomou o preto pra si, e fez luto até o fim da vida. (aliás, muita coisa que ela fez mudou a maneira de vestir e hábitos das mulheres, mas falaremos dela em outro momento).






O preto como ícone:
Posteriormente, ainda na Europa, Chanel inovou o guarda-roupa feminino não só com as peças mais leves e curtas, mas com as cores. Seus "tailers" eram sóbrios, de cores escuras (muitas vezes preta), quando bicolores, combinados também com cores neutras.
Em 1926 ela cria o primeiro tubinho preto que foi sucesso imediato.
Os estilistas deixaram seu legado com peças na cor preta, como Chanel, Balenciaga, Givenchy, Saint Laurent.



Daí em diante o vestido tubinho preto já não era mais sinônimo de luto e austeridade. Agora ele era prático, chique e moderno.
Na década de 1960 ele foi imortalizado pela maravilhosa Audrey Hepburn, usado no filme Bonequinha de luxo, criado pelo estilista Givenchy. 






O smoking andrógino de Saint Laurent, considerado icônico e transgressor.



Jacqueline Kennedy a esquerda no enterro no marido em 1963.



Lady Diana em 1994, com um dos seus vestidos mais emblemáticos, copiado por várias pessoas e ainda é até hoje.






O preto pode indicar também discrição, pode esconder sentimentos. Pessoas depressivas vestem preto, ou quando quando uma pessoa não quer demonstrar o que está sentindo veste preto, isso pode acontecer consciente ou inconsciente. Entretanto, combinado com outras cores pode gerar um efeito contrário, veja alguns exemplos:






Espero que tenham gostado, até a próxima.


Parte 1 - https://rafaelaraso.blogspot.com/2018/12/as-cores-influenciam-o-ser-humano-e.html


Fontes:
BUCKLAND, Raymond - O poder mágico das cores. Tradução José Rubens Siqueira de Madureira - São Paulo: Siciliano, 1989.
FISCHER-MIRKIN, Toby - O código do vestir - Os significados ocultos da roupa feminina. Tradução de Angela Melim - Rio de Janeiro: RACCO, 2001
LURIE, Alison - A linguagem das roupas. Tradução Ana Luiza Dantas Borges - Rio de Janeiro: RACCO, 1997


A sustentabilidade e a Moda.

Olá pessoal, tudo bem com vocês?

Dizem que Gisele Bündchen é daquelas que está sempre disponível para apoiar uma boa causa. Ela prestigiou um evento de gala promovido pela Rainforest Alliance, uma organização internacional dedicada à conservação das florestas tropicais, e chamou atenção com o vestido escolhido para a ocasião.
O modelo, um longo tomara que caia com fenda, era eco-friendly. Desenhado pelo estilista Jeff Garner, conhecido por suas criações sustentáveis, o vestido foi feito à mão e tingido com plantas. Gisele gostou tanto da peça que postou, em seu Instagram pessoal, um elogio ao designer: "Obrigada, Jeff Garner, por esse lindo vestido 'eco-friendly' feito à mão".
Jeff Garner é dono da marca Prophetik Clothing que, além de Gisele, já vestiu Miley Cyrus, Cameron Diaz e Sheryl Crow, entre outras famosas. Em suas criações, o estilista tenta unir a moda com o seu amor pelo meio ambiente e utiliza tintas orgânicas produzidas das plantas, lã de garrafas recicladas e fios naturais, como linho e cânhamo, fibra produzida por planta da espécie Cannabis.
O interessante aqui é de que maneira os estilistas da contemporaneidade tem encontrado maneira absolutamente sustentáveis de criar produtos inovadores e ecologicamente corretos.
Acredito que a moda mundial está passando por um momento de transição onde a inovação tem sido buscada com mais consciência.
Esperamos que esta mudança evolua cada vez mais e que o consumidor possa perceber a diferença entre os produtos e seja também um consumidor mais consciente. 


Gisele Bündchen posa ao chegar ao evento Rainforest Alliance Gala, no Museu de História Natural de Nova York, na noite da quarta-feira, 7 de maio de 2014






Espero que tenham gostado, e até a próxima.






Moda Japonesa e suas contribuições.


Olá pessoal, tudo bem com vocês?

Já foi-se o tempo que se falava de moda japonesa e quimonos e sandálias de madeira eram associados.
Na década de 80 a moda conheceu um grupo de estilistas japoneses que trouxeram tamanha inovação pro universo fashion que jamais as roupas foram as mesmas.
A imprensa da época ficou sem fôlego quando surgiram Rei Kawakubo, Yohji Yamamoto e Issey Miyake. Esse trio apesar de não ter feito muito sucesso em seus primeiros desfiles criaram uma revolução na moda naquela época, revolução essa que nos deu de herança a cultura japonesa de um jeito não tão óbvio quanto costumávamos pensar.
Vera Gertel disse numa ocasião: "A chave do seu sucesso foi o mergulho inspirador não em valores exóticos como gueixas e samurais mas sim na gente comum dos tempos de antigamente. (...) O resultado foi o aparecimento de roupas cujos panos são trabalhados, cortados, recortados, originando formas amplas, longas , bizarras, moles e pedantes, jamais vistas até então.(...)"
Esses estilistas são exemplo de trabalho e sucesso ao longo dos anos e seu trabalho é inovador e diferenciado.
Ainda hoje, em algumas ocasiões os tradicionais quimonos e sandálias de madeiras são utilizados como referência de moda japonesa, mas com a disseminação da informação, essa nova leva de estilistas contemporâneos pôde mostrar seu trabalho e este ficar conhecido por mais pessoas.
A dona da marca Comme des Garçons, Rei Kawacubo é prova de que a moda japonesa não está pra brincadeira e inova a cada lançamento de coleção:


Desfile de 2012 da Comme Des Garçons



Desfile de 2012 da Comme Des Garçons



Desfile de Primavera-Verão 2012 da Comme Des Garçons



Desfile de Primavera-Verão 2012 da Comme Des Garçons

Este editorial abaixo feito pela Vogue mostra bem essa "caracterização" japonesa da qual eu havia falado. Mesmo bastante caricato o editorial é bem bonito, mas devemos desmistificar essa imagem "samurai" e "gueixa" que temos do Japão, eles são bem mais que isso.













O editorial abaixo, em compensação une as duas características citadas acima. Logo em seguida tem o vídeo com o backstage das fotos, e a gente pode perceber todo um clima que foi criado mesmo no estúdio pra fazer as fotos.
O fotógrafo é Ronald James e o esporte escolhido foi o Kendo, uma arte marcial moderna que foi desenvolvida a partir de técnicas tradicionais de combate com espadas dos samurais do Japão feudal.










 Espero que tenham gostado, e até a próxima!